8 de junho de 2022
Pouca hidratação aumenta os riscos de insuficiência cardíaca, segundo estudo publicado em jornal europeu
Lívia Viana
(Especial para o BN)

Manaus (AM) – Sabia que ao beber água você reduz os riscos de desenvolver insuficiência cardíaca? Sim, é isso mesmo.
Segundo uma pesquisa feita pelo National Heart, Lung, and Blood Institute, nos Estados Unidos, e publicada em abril deste ano na revista European Heart Journal (Jornal Europeu do Coração), manter-se bem hidratada ajuda a manter um nível saudável de sódio na corrente sanguínea, o que contribui para a saúde do coração e reduz as chances de desenvolver a insuficiência cardíaca, uma doença caracterizada pela dificuldade do coração em bombear sangue para o corpo.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após analisar dados de um estudo da Atherosclerosis Risk in Communities (Risco de Aterosclerose em Comunidades) que vem acompanhando há mais de 30 anos, 16 mil adultos para entender melhor a aterosclerose (acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas) e as doenças cardíacas.
Essa análise se concentrou nos participantes com os níveis de sódio normais e que não tinham diabetes, obesidade e nem insuficiência cardíaca no início do estudo, totalizando 11.814 participantes.
Ao final do estudo, cerca de 11,56% dos participantes, desenvolveram a insuficiência cardíaca.
“Eu tenho muita dificuldade em me hidratar, pois, quase não sinto sede e acabo não consumindo a quantidade ideal de água ao longo do dia. Às vezes eu lembro de beber água enquanto faço atividades do dia, mas tem vezes que só lembro de tomar água um pouco antes de dormir”, confessa a dona de casa, Maria Rita da Silva, 49, que é uma das muitas pessoas que acabam não ingerindo a quantidade recomendada de água por dia (a maioria das pessoas necessita de 2,5 a 3,0 litros de água por dia no organismo).
Quando perguntada sobre a sua relação com a quantidade de sal ingerida, Maria Rita diz que não consume muito e que procurar equilibrar o uso deste mineral. “Sei que não faz bem para saúde, então eu evito”, afirma.
Equilíbrio é importante - Como tudo na vida, esse estudo comprova mais uma vez, que o equilíbrio é a chave para uma vida saudável.
Na quantidade adequada, o sódio auxilia no funcionamento renal, na digestão e na produção de energia. Quando consumido em excesso, ele aumenta os riscos de pressão alta, acidente vascular cerebral e insuficiência renal. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que o consumo diário de sódio, para a população adulta, não ultrapasse 5 gramas.
Quando analisado a tendência nacional, o resultado é salgado e assustador. É o que comprovou uma das principais conclusões de um levantamento realizado pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que coletou pela primeira vez no país, entre 2013 e 2014, amostras de sangue e de urina em domicílios de cerca de nove mil brasileiros, para a realização de exames complementares, viabilizando os parâmetros nacionais para os valores de referência laboratoriais.
O estudo, uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ministério da Saúde, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Hospital Sírio Libanês, apontou que os brasileiros consomem, em média, 9,34 gramas de sal por dia, o que representa quase o dobro do recomendado pela OMS. A análise também mostrou que os homens e os jovens são os que mais abusam do sal.
Em 2012, o Ministério da Saúde (MS) firmou uma parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), para reduzir o consumo de sódio na região que mais consumia sódio no país. Essa região, segundo dados do MS e do IBGE, era a Região Norte, que tinha a média diária de 12,8% por pessoa.
Amazonense consome muito sal - A nutricionista e terapeuta, Hitomi Oka, lembra que os amazonenses costumam adicionar o sal, ingrediente que possui em sua composição cloro e sódio, em quase tudo que consomem no dia a dia. “Ultrapassa esse valor (consumo diário recomendado) porque o amazonense coloca sal em tudo que come e utiliza produtos e temperos prontos, que já possuem uma quantidade de sódio. Por isso, é melhor evitar os industrializados, embutidos e os fast foods”, afirma.
Além disso, outro hábito prejudicial à saúde é a adição de sal nas refeições que já tiveram uma quantidade de sódio adicionado durante o seu preparo. “Colocam sal na salada e não precisa, pois, o prato principal já possui uma quantidade de sal. Outro exemplo é um hambúrguer ou sanduiche, onde o pão já tem sal, o queijo, a calabresa, o bacon e o presunto são salgados e mesmo assim, acrescentam os molhos, que também possuem sal”.
Como eliminar excesso de sal e hidratar o corpo - Além da ingestão de água, a terapeuta Hitomi Oka recomenda os chás, a água de coco e os sucos naturais para manter-se bem hidratado e eliminar o excesso de sódio do corpo.
Outras opções são sugeridas pela cardiologista Ana Cláudia Prieto, com destaque para a ingestão de frutas, principalmente aquelas ricas em água, como morango, uva, melão e melancia. “Excelentes opções para manter a hidratação”, ressalta.
Ana Prieto, cita, ainda, outros exemplos de perigos no consumo em excesso do sódio.
“O excesso desse mineral vai resultar no aumento de cálcio para a parede dos vasos sanguíneos, resultando em uma vasoconstrição (redução do calibre), elevando assim a pressão arterial.
Uma outra consequência é a perda de cálcio urinário, o que leva o organismo a mobilizar as reservas de cálcio do esqueleto para o sangue, contribuindo para tornar os ossos mais frágeis.
A cardiologista reitera que em um indivíduo desidratado as chances de viscosidade sanguínea, condição em que o sangue se torna mais espesso, aumentam e acabam sobrecarregando o coração, que vai precisar trabalhar mais para garantir a circulação sanguínea.
“O ideal para diminuir as chances do surgimento de insuficiência cardíaca, continua sendo a adoção de hábitos de vida saudáveis, com dieta adequada e a prática de exercícios físicos. Para aqueles que possuem fatores de riscos cardiovasculares, como obesidade, hipertensão, colesterol alto ou diabetes, manter o check-up cardiológico em dia é essencial”, finaliza a médica.